Aprendendo com a família da promessa – Capítulo 5: Perdão na família

Texto base Gn 33: 1-4  Gn 50:20

Texto auxiliar Gn 32:1-21

 

Introdução

 

Em vários momentos, podemos aprender sobre perdão na família da promessa. Nesta lição, separamos dois.

O primeiro é após Jacó ter comprado a benção da primogenitura de seu irmão e ter passado anos longe de casa, trabalhando. Ele se casou, teve filhos e decide voltar e se encontrar com seu irmão Esaú. Esaú, o irmão mais forte, que estaria irado por não ter sido abençoado por seu pai.

“Nem uma benção o Senhor tem pra mim?” foi o que Esaú reivindicou de Isaque, ele bradou com mui amargo brado (Gn 27:34).

Ao invés de receber a benção, Esaú recebeu palavras duras de seu pai (Gn 27:39-40), como consequência da escolha de venda de sua primogenitura.

Esaú odiava Jacó por isso e desejava matá-lo (Gn 27:41). E agora, Jacó decide voltar e reencontrar seu irmão (Gn 32:1-21).

Ocorre que entre a decisão de ir encontrar seu irmão e o encontro de fato acontecer, Jacó tem um encontro com Deus.

“Disseram-me que só haverá reconciliação se antes de encontrar-me contigo tiver um encontro com Deus, e outro comigo mesmo. Então, passarei mais esta noite aqui. Vou lutar com Deus até o amanhecer. Estarei face a face com Ele e sei que mudará meu nome. Irá marcar-me para sempre antes de eu continuar minha jornada.

Mas amanhã nos encontraremos… Amanhã estaremos juntos. Espero que você me perdoe.”1

 

Antes de reconciliar os dois irmãos, foi necessária reconciliação de Jacó com Deus. Assim também acontece conosco – antes de irmos em direção ao outro, precisamos ir em direção a Deus. Supreendentemente, “Então Esaú correu-lhe ao encontro, abraçou-o, lançou-se-lhe ao pescoço, e o beijou; e eles choraram”. O choro frequentemente está relacionado a uma forte emoção, envolvida também por arrependimento e liberação de perdão.

 

O segundo momento com o qual podemos aprender sobre perdão com a família da promessa é também um encontro. Mas agora entre os filhos de Jacó – José e seus irmãos. Seus irmãos, motivados por inveja, venderam-no como escravo para que servisse no Egito.

 

“O testemunho de José é fabuloso. Ele nunca se esqueceu de Deus, nunca chamou a atenção para ele, nunca roubou para si a glória de Deus.

Quando José se encontrou com seus irmãos pela primeira vez, ele lhes disse: “Eu sou uma pessoa que teme a Deus” (Gn 42.18). No segundo encontro, ele se revelou a eles e retirou deles qualquer medo de vingança e mencionou o nome de Deus quatro vezes: “Deus me enviou na frente de vocês” (Gn 45.5), “Deus me enviou na frente de vocês a fim de que ele, de um modo maravilhoso, salvasse a vida de vocês” (Gn 45.7), “não foram vocês que me mandaram para cá, mas foi Deus” (Gn 45.8) e “Deus me fez governador do Egito”.

Quando o velho Jacó chegou ao Egito e conheceu os dois netos, José explicou que eles eram filhos que Deus lhe dera. E, depois da morte de Jacó, quando seus irmãos ficaram outra vez com medo de José se vingar deles, José os acalmou com estas palavras: “Não tenham medo; eu não posso me colocar no lugar de Deus” e “É verdade que vocês planejaram aquela maldade contra mim, mas Deus mudou o mal em bem” (Gn 50.20).”2

José encontra seus irmãos com oportunidade de se vingar, mas, pelo contrário, ele diz a seus irmãos que não tenham medo, que o mal que fizeram foi convertido em bem.

Perdoar é demonstração de amor prático, é uma atitude que permite que nosso coração não crie raiz de amargura. Alguém disse que “guardar mágoa é tomar veneno e esperar que o outro morra”. E, de fato, parece fazer sentido, o coração que não perdoa acaba ficando amargurado, doente, deprimido. A falta de perdão afeta nossa mente, psicológico, nosso coração, sentimentos, nosso corpo físico e espiritual.

Na família onde convivemos com intensidade, frequentemente vamos experimentar a necessidade de pedirmos perdão e também de sermos perdoados. E isso é a graça de Deus. Como Jacó, precisamos ter atitudes em direção à reconciliação. Como José, precisamos entender que ainda que alguém nos tenha feito mal, o Senhor está no controle de todas as coisas. Ele é maior do que quem nos prejudicou ou tentou prejudicar.

 

Você entende o ato de perdoar e pedir perdão como demonstração prática de amor?

 

Alegria da reconciliação

Jacó provavelmente se alegra ao encontrar seu filho José, e se alegra ainda mais em ver os filhos reunidos. Assim também como pais e líderes do lar precisamos nos alegrar em ver a família unida e, portanto, em alguns momentos, precisamos mediar isso.

O casal que se perdoa consegue caminhar junto, sabendo que decidir perdoar é um ato de amor. O Senhor Jesus, no modelo da oração que nos ensinou, inclui “perdoa nossas dívidas como perdoamos nossos devedores”. Na parábola do credor incompassivo (Mt 18:21-35), encontramos um mal exemplo deste credor, que foi perdoado em algo grande, mas não pôde perdoar uma dívida menor. Assim ocorre conosco: recebemos o perdão divino e precisamos também oferecer perdão.

Os pais também precisam ter a humildade de reconhecerem suas falhas diante dos filhos e, se necessário, pedir perdão. Isso é saudável e respeitoso para a relação familiar.

 

O texto de Efésios 6:1-4 traz brevemente ensinamentos sobre o relacionamento entre pais e filhos.

 

“Não provocar a ira nos filhos parece estar relacionado muito além de provocações em tons de brincadeiras, como cócegas e coisas do tipo. Não provocar a ira no filho está relacionado ao versículo que iniciou essa parte da carta de Efésios, “sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo”. Um pai que se sujeita procura ser exemplo, ama e sabe inclusive reconhecer o erro e pedir perdão ao filho. O filho deve ser respeitado em sua individualidade, sabendo que em qualquer idade o filho é também alguém à imagem e semelhança de Deus e, portanto, precisa ser estimado e amado. A dependência que os filhos têm dos pais durante uma fase da vida não pode ser pretexto para o desrespeito. A família cristã precisa ser um exemplo, não porque é perfeita, mas porque entende o caminho do arrependimento e do perdão. Deus abençoe nossos filhos e nossas famílias.”3

 

Como estão nossos relacionamentos marido/mulher em termos de perdão e reconciliação?

 

Como estão nossos relacionamentos pais/filhos em termos de perdão e reconciliação?

 

Empatia com nossos pais

Além do perdão que precisamos exercitar com nossos irmãos e demais familiares, nesta lição gostaríamos de trabalhar o relacionamento entre pais e filhos. Precisamos, como filhos, pensar em nossos pais como pessoas e não como super-heróis. E, assim, amá-los, respeitá-los e entender suas limitações, seus erros, perdoá-los quando necessário e honrá-los sempre. É um mandamento bíblico.

Você consegue ter empatia com seus pais?

“Em Efésios 6:1-4, o apóstolo Paulo vai falar brevemente sobre o relacionamento de pais e filhos. Alguém disse que quando criança admiramos e queremos imitar nossos pais, na adolescência algumas vezes entendemos os pais como adversários e na vida adulta compreendemos melhor suas decisões, suas escolhas e seus “nãos”. E amadurecemos mais neste relacionamento. Como filhos cristãos precisamos obedecer e honrar nossos pais em todas as fases da vida.”3

“Mas mesmo os pais não cristãos devem ser honrados por nós, isso é bíblico. Honrar pai e mãe é o quinto mandamento na lista dos 10 mandamentos (Ex 20) e é o primeiro que apresenta uma promessa. Quem honrar seu pai e sua mãe terá vida longa sobre a terra e vida de qualidade “para que te vá bem”. Portanto, cabe aos filhos obediência e a consequência será uma vida boa.”2

Como podemos melhorar os relacionamentos pais e filhos?

 

Conclusão

Perdoar pode ser muito difícil. Não só na família é difícil pedir perdão. Mas, como cristãos, não temos outra alternativa que não a busca por reconciliarmos os relacionamentos, sobretudo na família. Afinal, a família é um propósito de Deus. Sigamos os exemplos de irmãos Jacó e Esaú para que nos abracemos e choremos juntos em sinal de amor e perdão.

 

Referências

1 Jacó, por causa de Esaú. Disponível em http://ultimato.com.br/sites/jovem/2013/02/18/jaco-por-causa-de-esau/, acessado em 26 de abril de 2019.

2 José do Egito tinha consciência de sua vocação. disponível em https://www.ultimato.com.br/revista/artigos/355/jose-do-egito-tinha-consciencia-de-sua-vocacao. Acessado em 26 de abril de 2019.

3Estudos de Efésios – Material produzido pela Igreja Batista Central de Diamantina para uso na Escola Bíblica Dominical- publicação interna entre os membros da igreja.

 

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