Texto Base: Gn 12:1-3 Gn 26:4 Gn 28:14
Texto Auxiliar: Hb 1:8-22
Introdução
Quando lemos as promessas recebidas pelos patriarcas, Abraão, Isaque e Jacó e ainda a descrição de atos de fé na lista dos heróis da fé em Hebreus 11, não conseguimos imaginar todas as dificuldades, todos os erros e pecados cometidos na família da promessa. E isso demonstra a graça de Deus e disposição em abençoar o seu povo e cumprir Suas promessas apesar de nós.
A mesma ideia temos quando vemos resultados positivos de alguém, uma aprovação em concurso, conclusão da graduação. Aquele momento de felicidade implicou, provavelmente, em muito sacrifício e benção do Senhor. Ocorre que passar uma etapa é muito importante, mas não é o fim. Após uma etapa, estaremos diante de outras.
No casamento não é diferente. Enquanto nos contos de fadas após o casamento já é descrito que o casal e possivelmente a família “viveram felizes para sempre”, ocorre que após o “sim”, assim como após qualquer decisão tomada, em geral, ainda temos um longo caminho pela frente. Uma jornada cheia de erros e acertos, momentos alegres e outros em que será necessário o contentamento ainda que na ausência de alegria.
“Desta forma, descobriremos que “viver felizes para sempre” é um processo de construção diária ao longo da vida em família e não algo que termina na cerimônia de casamento”1 (Adaptado)
Família, projeto de Deus
Aprendemos com a família da promessa que precisamos demonstrar fidelidade durante toda a caminhada, que terá inúmeros percalços.
Mas aprendemos também que a família é projeto de Deus. O amor de Deus será importante para que tenhamos uma relação saudável no lar.
“O sentido do amor é doação, entrega, morte. Só conhecemos realmente o amor quando dispomos a abrir mão daquilo que nos é mais precioso (o tempo de relaxar, o futebol, as redes sociais etc.) para atender a necessidade do outro – isso é sempre uma pequena morte (1 Jo 3:16). Uma contínua busca do reino nosso!”
“Uma releitura cuidadosa de Gênesis conduz à convicção de que a família é o projeto de Deus para o homem e a mulher. É através do casal que a família se forma, criando a estrutura que, no âmbito do ideal, dará suporte aos filhos, garantindo a preservação da espécie. Além disso, é através tanto do casamento quanto da família que cada indivíduo que os integra pode desenvolver o ideal relacionamento designado por Deus para o ser humano.”3
O contexto do casamento é ideal para que nos tornemos pessoas melhores, se nos permitirmos sermos moldados por Deus por meio do outro. Ficar junto, permanecer como casal com qualidade no relacionamento é uma escolha diária, sim a cada dia, a cada resposta dada, na forma de gastar o dinheiro, no tempo que dedicamos à relação. É uma escolha diária! Assim como ninguém vende sua primogenitura em um único momento – ela já estava à venda, ela já havia sido desprezada e, no final, trocada por uma satisfação momentânea – assim também ninguém perde sua relação conjugal em um único ato. Ela é perdida aos poucos, na ausência de trocas, trocas de palavras, de afeto, de vida, de carícias, quando aos poucos um vai (ou os dois) perdendo o interesse em compartilhar e dividir. Mas isso pode e deve ser restaurado.
Como restaurar o relacionamento?
“Suportando-vos e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra o outro; assim como o Senhor vos perdoou, assim fazei vós também. E sobre tudo isto, revesti-vos do amor, que é o vínculo da perfeição.” Cl 3:13-14
Como recuperar o desejo em agradar o outro? Como recuperar os momentos de compartilhar?
Nem tudo que o outro faz é do meu interesse! Um exemplo seria o futebol que pode ter um peso maior para um do casal. Assim como para os filhos precisamos conseguir ter empatia para educá-los, também precisamos ter empatia como nosso cônjuge. Se conseguirmos nos colocar no lugar do outro, conseguiremos o equilíbrio. Lembrando que em casais em que somente um dos dois é cristão, cabe a este dar o exemplo, uma vez que este possui o Espirito Santo que desenvolve em nós o seu fruto, o qual inclui amor, paz e domínio próprio.
“A graça é o recurso de socorro para manutenção da solidez na estrutura desse relacionamento.”3
Outro ponto importante é não nutrir uma dependência infantil um do outro.
“O sentimento de pertencimento é necessário (…) Mas, ao mesmo tempo, os cônjuges devem ser adultos plenos, ou seja, precisam ter a capacidade de auto suprimento das necessidades emocionais”3
Lembrando que o casamento é para pessoas maduras, que se respeitam e o ideal é que busquem também uma maturidade espiritual. Pois à medida que nos enchemos do Espírito Santo, demonstramos o seu fruto e frutificamos nossas relações.
Você se lembra de atitudes imaturas que com o tempo foram superadas? O que ainda precisa ser melhorado em seu relacionamento?
Um amor pra recordar
Você já viu este filme da década de 90? “Um amor para recordar? O que você se lembra do filme?
Abaixo descrevemos a sinopse:
“Landon é um jovem sem metas e irresponsável, que foi punido por ter feito uma brincadeira de mau gosto a um rapaz que quase fica paraplégico. Como punição, o diretor da escola faz com que ele (Landon) participe da produção de uma peça que está sendo montada; durante os ensaios, Landon aproxima-se de Jamie Sullivan, filha do pastor da pequena cidadezinha onde moram, uma garota “certinha” que tem uma lista de desejos a realizar-se e que o ajuda a ensaiar para a peça com apenas uma condição: que ele não pode apaixonar-se por ela. Porém, eles se apaixonam, mas Jamie guarda um segredo: ela tem leucemia há dois anos.”4
O filme é lindo e vale a pena assistir. Porém com um cuidado… No filme, o mocinho, uma pessoa irresponsável, o famoso badboy, se transforma antes mesmo de se relacionar com Jamie. O problema é quando optamos por escolher alguém para ser namorado(a) e até cônjuge esperando que essa transformação ocorra. Veja: não dá pra se casar e dizer “a cruz que o Senhor me deu” se na verdade você escolheu a cruz.
No capítulo 1 deste estudo, trabalhamos com dicas que podem auxiliar na sua escolha de um esposo(a). Não oriente sua escolha pela popularidade, não só pela beleza. Pense que ao longo da vida o que você mais fazer é conversar!
“A beleza está nos olhos de quem vê”. O que isso significa? Que eu posso ver beleza em alguém ao enxergar seu temor no Senhor, que eu posso ver beleza, ela estará em quem a vê. Não estou dizendo que atração física não seja importante. Abraão cita que sua mulher era bonita (Gn 12:11), Raquel esposa de Jacó também era bela (Gn 29:17). Mas a beleza pode ser efêmera e continuar enxergando beleza com o passar do tempo tem muito mais a ver com o relacionamento do que com o físico. Portanto, não se baseie exclusivamente neste critério para escolher seu companheiro. Lembrando que a esposa Lia, embora menos bela, foi companheira de Jacó por mais tempo, em que puderam desenvolver o relacionamento.
Pensar que depois do casamento tudo vai mudar. Afirmo que é uma verdade, mas não vai mudar para melhor… Não espere que todos os defeitos intoleráveis no namoro vão sumir com um passe de mágica, porque vocês disseram SIM no altar. O casamento que dá certo vem de uma construção… Um caminho a dois percorrido com muito amor, perdão, compreensão e empatia. O que vai acontecer é que depois do casamento duas pessoas com cultura e costumes diferentes vão se unir, para, no Senhor, tornarem-se uma só carne. E, na linguagem dos jovens, certamente terão “altas tretas” no sentido de que os desafios e desavenças acontecerão.
Uma dica é se espelharem em modelos de casais cristãos. Lembrando que nenhum, NENHUM deles é sinônimo de perfeição. Mas perceber a imperfeição e como eles lidam com os problemas e as diferenças pode nos dar boas referências.
Se você deseja se casar, coloque diante de Deus todos seus sonhos e planos. Confie no Senhor, Ele é surpreendente. O livro “Faça alguma coisa”5 nos diz que devemos buscar o Senhor, orientação pela palavra e tomar atitudes em direção aos nossos sonhos e planos. Não dá para querer passar em concurso sem estudar, não dá para namorar sem ter iniciativa, ou no mínimo isso é pouco comum. Na dúvida, se aconselhe (Pv 1:5, 12:15, 15:22, 19:20).
E ficar solteiro é um problema?
Me lembro de uma amiga que se dizia incomodada de ir em festas de família, porque seus parentes não perguntavam sobre seu sucesso na universidade, posteriormente seu sucesso profissional, mas sim “e o namoradinho?”.
É como se fosse uma vitória estar namorando. E para quem o deseja de fato pode parecer. Mas ficar solteiro é uma escolha, inclusive elencada por Paulo como uma boa escolha “bom seria que” (I Co7:1), (I Co 7 8-9). Em todo capítulo 7 de 1 Co, sobretudo versículos 25-40, Paulo afirma que quem está casado deve permanecer assim, mas quem está solteiro tem mais tempo para se dedicar ao Senhor. No versículo 38, Paulo chega a dizer “aquele que dá em casamento a sua filha donzela, faz bem; mas o que não o der, fará melhor”.
Paulo sabe que o casamento não é um mar de rosas e muito desgaste poderia ser evitado na vida de uma pessoa. Portanto, lembre-se sempre: “ANTES SÓ DO QUE MAL ACOMPANHADO”.
Não há problema em ficar solteiro, pelo contrário… Haverá menos problema. No entanto, entendemos a necessidade que temos de companhia, por isso desenvolva antes de tudo boas amizades e bons relacionamentos. Se você escolher se casar, o faça consciente, seguindo os conselhos bíblicos (lição 1) e o faça para glória de Deus. Todavia, se você escolher não se casar também o faça para glória de Deus.
Conclusão
O “felizes para sempre” é uma construção que se faz na família baseada em escolhas e perdão, é claro. Concluímos que os relacionamentos precisam de mais ternura.
“Ternura exige movimento em direção ao outro e a percepção do outro como sujeito, e não como objeto de satisfação sensorial transitória”2
Referências
1Casamento e família – E viveram felizes para sempre – Coluna de Carlos “Catito” e Dagmar Grzybowski, Revista Ultimato nº 350, Setembro/outubro, 2014, p. 40.
2 Casamento e família – Ame e seja (in)feliz – Coluna de Carlos “Catito” e Dagmar Grzybowski, Revista Ultimato nº 360, Maio/Junho, 2016, p. 38.
3Barcelos, Carlos Roberto. A espiritualidade e a Família. In: O melhor da espiritualidade brasileira. Organizado por NelsomBomilcar. São Paulo: Mundo Cristão, 2005.
4Um amor pra recordar. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Um_Amor_para_Recordar, acessado em 26 de abril de 2019.
5 Young, Kevin. Faça alguma coisa: uma abordagem libertadora sobre a vontade de Deus em sua vida. Traduzido por A. G. Mendes. São Paulo, Mundo Cristão, 2012.