Aprendendo com a família da promessa – Capítulo 2: Como nossos pais

Texto Base: Gn 12:10-20  Gn 20:1-18  Gn 26:6-11

Texto Auxiliar: Ez 18

Introdução

A leitura da bíblia não nos leva a crer que existe maldição hereditária, que um filho pode pagar pelo pecado do pai (Ez 18:20). Portanto, não é isso que falaremos nesta lição, todavia muitas vezes o aprendizado pelo exemplo nos leva a práticas boas ou ruins. Por isso, precisamos agir com retidão para sermos bons modelos. Reconhecer o erro e pedir perdão também faz parte de um bom modelo.

Seguindo Modelos

“Em dois momentos e lugares diferentes, o casal passou por uma situação muito constrangedora. Exatamente porque a beleza de Sara chamava a atenção de todo mundo, ela foi como que sequestrada tanto por Faraó, no Egito, como por Abimeleque, em Gerar. A mulher de Abraão só não foi molestada sexualmente por esses dois reis porque Deus protegeu o casal (Gn 12.10-20; 20.1-18).”1

Nos dois momentos, Abraão optou por enganar para se proteger. Note que Isaque faz exatamente a mesma coisa. Algumas vezes reproduzimos modelos, sendo eles bons ou ruins. Em Hebreus 11:17-21, vemos que Abraão, Isaque e Jacó estão na lista dos heróis da fé. É possível que a fé em Deus tenha sido um aprendizado positivo na família da promessa. Mas em vários momentos, vemos atitude de engano de maneira muito clara nesta família.

Abraão e Sara enganaram ao faraó e outros reis quando estavam no Egito, fingindo que ela era sua irmã (…). Isaque e Rebeca fizeram a mesma coisa. Isaque e Esaú marcaram uma sessão secreta para a concessão da bênção. Secretamente, Rebeca e Jacó planejaram como enganar Isaque. Labão enganou Jacó na noite de núpcias. (…) Os irmãos de José enganaram Jacó acerca da “morte” de sua irmã…2

Mas podemos notar que a família da promessa colheu consequências pelos enganos e mentiras em que se envolveram. Embora o Senhor haja com misericórdia sobre nossas vidas, somos responsáveis pelos nossos atos. Precisamos proteger nossas famílias das mentiras e sermos bons exemplos.

Com Deus, um círculo vicioso pode se tornar um círculo gracioso. E termos uma família transformada.

 

Como restaurar nossas famílias? Que atitudes práticas podemos ter para sermos famílias transformadas e transformadoras?

 

Filhos se tê-los como guiá-los?

É importante que os cristãos não se comportem como o líder religioso Eli (1 Sm 2:12-36) que entendeu como complementar seu chamado no lar e como principal seu ministério sacerdotal. Assim, não podemos nos recusar a esse chamado importante de cuidar do lar e de nossa família. Note que a promessa feita a Abraão pelo Senhor passa pela família, A promessa não é “Em ti serão benditas todas as pessoas da Terra” e, sim, “Em ti serão benditas todas as famílias da Terra”. Para casais que não possuem filhos, o chamado é ao cuidado mútuo, para que consigam se aproximar mais de Deus e que essa “uma só carne” glorifique o nome do Senhor EM TUDO.

Parafraseando o poema intitulado “Poema Enjoadinho” de autoria de Vinicius de Moraes, eu diria “Filhos, que bom tê-los, mas se os temos, como guiá-los?”. Sim, guiá-los não nos parece ser uma tarefa fácil, por isso deve ser munida de sabedoria. Para conduzir alguém, é necessário acompanhá-lo.

Para casais com filhos, precisamos conhecer algumas dimensões bíblicas da paternidade e maternidade2.

Ser pai e mãe é vocacional e ministerial – É um chamado, uma vocação dada pelo Senhor.

Ser pai e mãe é uma questão de mordomia – Os filhos são confiados aos pais por Deus (Gn 4:1). Criar e guiar os filhos é, portanto, um ato de serviço ao Senhor.

Ser pai e mãe é instrutivo – Trata-se essencialmente de um processo de imitação, que pode ser notado claramente na família de Abraão, Isaque e Jacó. Pais e filhos estão sempre aprendendo por meio do relacionamento e em situações informais.

Lembrando que os filhos ajudam os pais a crescerem.

Como tem sido nosso exemplo na sociedade e em nossas famílias?

 

A ovelha negra da família

Existem pessoas, em várias famílias, com estigma de serem as “ovelhas negras”. Em geral, estigmas e rótulos não são bons nem saudáveis, afinal todos temos virtudes e todos temos MUITO a melhorar. Então, um incentivo é não alimentarmos em nossas famílias tal estigma e você, que é um filho, não aceite como verdade e não assuma esse comportamento.

Lembrando que diferentes temperamentos geram atitudes diferentes diante de desafios e dificuldades, mas cada um consegue com seu ser, criado por Deus, demonstrar fidelidade a ele em diferentes situações. 

Parece engraçado, ou melhor, tragicômico, que boa parte das famílias narra a presença de um membro dissonante no seio familiar que é identificado popularmente com o estigma de “ovelha negra”.

Esse “ramo torto” ou “problemático” na família não é algo novo no panorama das famílias no mundo. Vemos na Bíblia, na família dos patriarcas, que Jacó é identificado como “o enganador” (ou mentiroso), mas se realizarmos uma leitura mais minuciosa dos textos sagrados vamos verificar que a mentira e o engano estão presentes nesta família desde Abraão, seu avô!3

Pela leitura da palavra, podemos observar que Jacó foi restaurado (Gn 32:22-32), assim como você também pode ser restaurado. Por isso, precisamos sempre de um diálogo franco e aberto com nossos pais.

 

Na sua família, alguém já foi indicado como a “ovelha negra”? O que você acha que esse estigma pode trazer?

 

Sobre imitarmos nossos pais, precisamos refletir que em um momento Jacó precisou romper com a sequência de enganos na família. Uma expressão da restauração nesta família da promessa é José, filho de Jacó, que pode ser visto como símbolo de integridade. Portanto, não precisamos repetir os erros dos nossos pais, mas precisamos aprender com eles.

É importante notar que nossos pais são também seres humanos em constante aprendizado, não é sempre que eles acertam. Mas no amor e na presença de Deus, podemos estruturar nossos lares, certos de que o perdão e a restauração nos fortalecerão.

 

Vale refletir que em muitos momentos enxergamos muito bem nossas necessidades, angústias, limitações e dificuldades. Mas temos conseguido enxergar as necessidades, angústias e limitações de nossos pais?

 

Conclusão

Assim como no salmo 80, o salmista faz alusão aos filhos de Jacó e pede por restauração, finalizamos esta lição pedindo que o Senhor nos restaure, para que possamos voltar à comunhão com o Senhor e no lar.

 

Referências

1 Abraão e Sara, disponível em: https://www.ultimato.com.br/revista/artigos/283/abraao-e-sara Acessado em 10 de abril de 20149.

2 Stevens, Paul R. A Espiritualidade na Prática: Encontrando Deus nas coisas simples e comuns da vida. Tradução Jorge Camargo. Viçosa, MG: Ultimato, 2006.

3 Jacó, a personificação da ovelha negra da família, disponível em https://www.ultimato.com.br/conteudo/jaco-a-personificacao-da-ovelha-negra-da-familia, acessado em 23 de abril de 2019.

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